Sempre ouvi as mães referirem-se
ao dia do nascimento dos filhos como o dia mais feliz da vida delas. Antes de
ser mãe, imaginava que o momento do nascimento de um filho era algo mágico,
assim tudo envolto numa nuvem de doçura, com estrelinhas a brilharem e com
acompanhamento de música clássica e tudo (pronto, se calhar, não era assim
tanto, mas sim, imaginava algo quase fantástico). Portanto, a fasquia era alta
quando chegou o meu momento de ser mãe e de poder finalmente comprovar a tal história
de "o dia mais feliz da minha vida".
Na verdade, essas mães tinham
mesmo razão porque o tal momento é maravilhoso, mesmo no meio daquela quase multidão
de médicos e enfermeiros à nossa volta, mesmo mergulhada num oceano de dores
intermináveis de intensidade crescente, mesmo com tantas instruções
("agora ande", "agora deite-se", agora vire-se",
"agora faça força", "agora..."), a emoção, a insegurança e
de todo um turbilhão de sentimentos. Aquele momento em que o/a vemos finalmente
é indescritível.
Ainda assim, considero que existem neste mundo da
maternidade, outros dias muito felizes. Há dias em que adormecê-la nos braços
ou receber um abraço ou um miminho inesperados provocam uma onda de amor que me faz
estremecer o coração. Por isso, atrevo-me a dizer que, não existindo um medidor oficial de felicidade, a do dia do nascimento é certamente única mas vai-se rodeando de outros momentos da mesma natureza.