terça-feira, 22 de abril de 2014

Por este rio acima #1

Haverá qualquer sistema de alerta em mim que deixou de funcionar. Reconheço que quero ser feliz. Reconheço que restam-me algumas forças mas que ganhei uma carapaça de tal forma forte que roça o impenetrável. Jamais imaginaria o limbo de tristeza e mediocridade em que passei a viver. Onde está a magia que a vida promete a cada amanhecer? Onde estão os momentos em que imaginamos pequenas partículas de felicidade a serem derramadas na nossa cabeça? Onde estão os risos, as festas, as gargalhadas que é suposto preencherem certos momentos da nossa vida? Onde ficaram os momentos de alma lavada e sorriso fácil? 
Não interessa questionar-me sobre porquês. Se as águas deste rio de insensibilidade teimam em arrastar-me para um redemoinho de humilhação e eu continuo a resistir é porque sou suficientemente forte para lhe continuar a fazer frente (não obstante as marcas que vai deixando) e porque continuo a acreditar que outra vida existe. Por agora, limito-me a vê-la passar do outro lado da janela, a ouvir falar dela através de amigos e conhecidos.